sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Montadora GM oferece carro para quem aceitar demissão voluntária

A indústria automobilística começou o ano com os pátios lotados e pensando em cortar a produção, o que interfere na vida dos trabalhadores do setor. Em um ano, foram quase 13 mil demissões, mas esse número deve aumentar. A GM lançou um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para reduzir o número de funcionários e estoques.

O aviso vale para todos os setores da fábrica. Além dos benefícios previstos na lei, quem está há cinco anos na empresa poderá receber mais um salário e meio.

As vantagens são maiores para os trabalhadores com estabilidade no emprego por restrições médicas. Já quem trabalha há mais de 12 anos, poderá receber 25 salários e um carro zero quilômetro no valor de quase R$ 45 mil.

Essas vantagens não atraíram os montadores Carlos de Lima e Eugênio Rodrigues, que trabalham na montadora há 17 anos e têm estabilidade por causa de problemas nos ombros. Os dois já passaram por cirurgias. “Eu cheguei a fazer três cirurgias no ombro esquerdo e uma no ombro direito. A mais recente foi a coluna cervical”, diz Rodrigues.

Uma estimativa do Sindicato do Metalúrgicos aponta que 15% dos 5,3 mil funcionários que trabalham na GM sejam lecionados. Cabe a cada um decidir sobre a adesão ao PDV. “Eu não vou aderir porque eu acho que é muito pouco, devido ao meu problema, acho que não conseguiria outro emprego”, diz Lima.

“O sindicato é contrário ao PDV porque significa fechamento de postos de trabalho. O que não podemos aceitar é que haja pressão e assédio da parte da empresa, agora, a decisão do trabalhador sair em PDV é dele”, diz Antônio Ferreira de Barros, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.

A GM não quis dar detalhes do plano de demissão, mas confirmou, em nota, que o programa foi aberto para os trabalhadores das unidades de São José dos Campos e de São Caetano do Sul, em São Paulo. A montadora também informou que a medida é para adequar a produção à atual demanda do mercado.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Preço dos imóveis tem queda real em 12 meses pela 1ª vez desde 2011


Os preços dos imóveis subiram 0,39% em janeiro, segundo pesquisa FipeZap divulgada nesta quarta-feira (4). Em 12 meses, a alta ficou em 6,29%. Descontada a inflação (estimada em 1,2% para este mês e em 7,1% em 12 meses), os preços mostraram a primeira queda real desde 2011, segundo o levantamento.

Na comparação entre meses de janeiro, 11 das 20 cidades pesquisadas tiveram queda em termos reais, inclusive São Paulo (-0,1%) e Rio de Janeiro (-0,4%). As duas cidades, no entanto, ainda detêm os maiores preços médios por metro quadrado do país: R$ 10.617 no Rio de Janeiro, e R$ 8.446 na capital paulista.

No Rio, o Leblon segue na liderança dos endereços mais caros, com o metro quadrado anunciado, em média, por R$ 23.527. Em São Paulo, a Vila Nova Conceição aparece em primeiro, com o metro quadrado a R$ 14.659.

Janeiro
Em janeiro, apenas em Fortaleza os preços tiveram aumento real, acima da inflação. Na capital cearense, a alta foi de 1,43%. Já Porto Alegre registrou a maior queda de preços, com variação de -0,68%.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A festinha surpresa de Cunha e o possível impeachment de Dilma

 
Dida Sampaio/Estadão
 
Brasília - A vitória deveria parecer surpresa e a festa de comemoração, como se tivesse sido organizada de última hora. Mas a presença de manobristas, seguranças e jovens promoters uniformizadas na porta da mansão no Lago Sul de Brasília denunciavam que família e assessores de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) já haviam deixado tudo pronto para receber o novo presidente da Câmara domingo à noite, logo depois de concluída a eleição.
 
Entre o tablado e o toldo, mesas iluminadas com velas, garçons circulando com uísque, champanhe e vinho e dois bufês com massa e risoto de camarão. Mas o cardápio principal era o de 'pérolas' e impropérios contra a presidente Dilma Rousseff, seu staff e o PT. "Ela vai ter de arrumar um bom articulador político, porque não gosta disso (de política)", disse um deputado do PMDB. "Eduardo amenizou no discurso a questão das sequelas. Mas Dilma tem que fazer a parte dela", completou esse parlamentar, em referência à ameaça feita pelo então candidato por causa da interferência do Palácio do Planalto na campanha em favor do derrotado Arlindo Chinaglia (PT-SP). O público da festa era majoritariamente de membros do baixo clero.
 
O Pastor Everaldo (PSC), ex-candidato à Presidência da República, conversava discretamente sentado em uma mesa próxima à de Cunha e sua família. Já o também ex-candidato à Presidência Levy Fidelix (PRTB) soltava pérolas para quem quisesse ouvir. "A vida de Dilma vai ser um inferno. Vai vir impeachment", disse, apesar de Cunha se dizer, horas antes, contrário à saída da presidente. "Ela vai ser 'impeachada' e quem vai assumir é o Temer, em nove meses", profetizava. Fidelix também não poupou o PT do B, que ficou de fora do bloco de apoio de Cunha, apesar do acordo de apoio feito entre os partidos nanicos. "O PT do B é traidor". Peemedebistas como o deputado Danilo Forte (CE) aproveitavam para fazer campanha pela liderança do partido.
 
Cunha ficou à mesa com a família, mas não deixou de circular entre os seus convidados. Na fila do bufê, comentavam que o novo presidente precisou ir ao banheiro para falar ao telefone com privacidade. Conversou com o vice-presidente Michel Temer. No salão, uma banda tocava hits internacionais.
 
Alguns convidados se afastaram um pouco para contemplar cacatuas e tucanos em gaiolas nos jardins da mansão do empresário Venâncio Júnior, de uma família de empreiteiros de Brasília. Curiosos, convidados atravessavam o jardim e davam uma olhada em outra festa repleta de jovens que acontecia à margem da piscina.
 
Ao saber do evento, um deputado disse que não poderia ir até lá e explicou seus motivos: "Menina novinha não gosta de deputado velho. Gosta de dinheiro de deputado velho. E eu não tenho (dinheiro)", afirmou. Já era madrugada e Cunha continuou na festa. Nesta segunda-feira, 2, já estava a postos no Supremo Tribunal Federal (STF) para o início dos trabalhos do Judiciário. Nesta tarde, dá início às atividades no Congresso, que amanheceu com uma pilha de lixo que incluía cavaletes, banners e faixas da campanha que chegou ao fim.