Em um ano marcado pelas eleições presidenciais, os gastos públicos
bateram recorde e, com isso,as contas do governo registraram o primeiro
déficit primário (receitas menos despesas, sem contar juros da dívida
pública) em 18 anos, segundo números divulgados nesta quinta-feira (29)
pela Secretaria do Tesouro Nacional.
De acordo com dados oficiais, as contas do governo tiveram um déficit
primário de R$ 17,24 bilhões em todo ano passado. Em 2013, haviam
registrado um superávit de R$ 76,99 bilhões, o equivalente a 1,6% do
PIB. Com o déficit de 2014, as contas públicas atingiram, no ano
passado, o pior resultado de toda a série histórica, que tem início em
1997. Até o momento, o pior resultado havia sido registrado em 1997
(superávit de R$ 1,8 bilhão, ou 0,2% do PIB).
No ano passado, as contas públicas registraram forte deterioração
devido ao aumento de gastos públicos, à ajuda à Conta de Desenvolvimento
Energético (CDE) e à queda real da arrecadação –
resultado do fraco nível de atividade da economia e das desonerações de
tributos anunciadas nos últimos anos pelo governo federal.
Meta fiscal
No início do ano passado, a equipe econômica informou que o objetivo de
todo o setor público (governo, estados e municípios), em 2014, seria de
R$ 99 bilhões – o equivalente a 1,9% do PIB, o mesmo percentual
registrado em 2013. Deste total, R$ 80,8 bilhões corresponderiam ao
esforço somente que o governo estaria buscando em 2014.
Em novembro de 2014, porém, com o fraco resultado das contas públicas, o
governo enviou um projeto de lei ao Congresso Nacional para alterar a
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e abandonar a meta fiscal acertada
no início do ano passado. O projeto, que admitia a possibilidade de
haver até mesmo déficit primário em 2014 (como de fato aconteceu), foi
fruto de debates intensos no Legislativo, mas acabou sendo aprovado
pelos parlamentares.
Receitas, despesas e investimentos
De acordo com dados do governo federal, as receitas totais subiram 3,6%
em todo ano passado, contra 2013, para R$ 1,22 trilhão. O crescimento
das receitas foi de R$ 42,93 bilhões no último ano.
Ao mesmo tempo, as despesas totais cresceram 12,8% em 2014, ou seja,
mais do que o triplo da expansão das receitas, para R$ 1,03 trilhão.
Neste caso, a elevação foi de R$ 116,99 bilhões em 2014. Os gastos
somente de custeio, por sua vez, avançaram bem mais no ano passado:
18,2%, para R$ 222 bilhões.
Na proporção com o Produto Interno Bruto (PIB), ainda segundo números
da Secretaria do Tesouro Nacional, os gastos públicos bateram recorde no
ano passado - ao somarem 21,3% do PIB. Foi a primeira fez que as
despesas do governo superaram a marca dos 20% do PIB. O recorde anterior
havia sido registrado em 2013 (18,9% do PIB).
Já no caso dos investimentos, os gastos somaram R$ 77,53 bilhões no ano
de 2014, informou o Tesouro Nacional, valor que representa um aumento
de 22,6% frente a 2013 (R$ 63,22 bilhões).
Dividendos, concessões e CDE
Segundo o governo, as receitas de concessões recuaram fortemente no ano
passado. De acordo com dados oficiais, somaram R$ 7,92 bilhões em 2014,
em comparação com R$ 22,07 bilhões no ano anterior. A queda foi de R$
14,15 bilhões. Os números da série histórica mostram que o resultado de
2014 não foi ruim, mas sim que o valor registrado em 2013 foi
excepcional.
Ao mesmo tempo, o governo recolheu um pouco mais de dividendos das
empresas estatais no ano passado. De acordo com o Tesouro Nacional, os
dividendos pagos pelas empresas estatais ao Tesouro Nacional somaram R$
18,93 bilhões em 2014, contra R$ 17,14 bilhões em 2013. O aumento foi de
R$ 1,79 bilhão no último ano.
O governo informou ainda que subiram os pagamentos feitos à Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE) em 2014. Segundo o governo, foram pagos
R$ 9,2 bilhões para a CDE em 2014, em comparação com R$ 7,86 bilhões em
2013. Havia a previsão de um novo pagamento de R$ 9 bilhões em 2015,
mas o governo já informou que não haverá mais esse repasse, o que
encarecerá ainda mais a conta de energia neste ano.
Nossa alternativa é esperar que o povo sofra as consequências e se revolte com tanta corrupção, dando o merecido troco nas urnas.
ResponderExcluirDoutor, belo post. É óbvio que as falácias eleitoreiras da Sra. Dilma vão cair por terra. Mas o PSDB também é cheio de bandidos!! Qual será a nossa alternativa? Talvez algum político como o senador Reguffe?
ResponderExcluirhttp://app.folha.com/#noticia/515245
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