sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Bipolaridade da classe média

Interessante como os brasileiros são bipolares. Exemplos do cotidiano me fizeram lembrar que há não muito tempo atrás a alegria e satisfação de colegas era notória. Aquisições de veículos, casa própria, alimentação em restaurantes refinados, viagens internacionais e diversões sofisticadas. Afinal, o Brasil era o país que havia tirado o bilhete premiado do pré-sal e que crescia a 7,5 por cento ao ano!! O que nós nos esquecemos é que somos classe média de um país pobre e historicamente dependente dos tributos desses aí. Bastou um sopro da tempestade vindoura para os sonhos desmoronarem e a realidade bater à nossa porta. Mas isso tudo o Doutor já vem alardeando feito um profeta do apocalipse há muito tempo. O que eu questiono é o porquê das pessoas se incomodarem tanto com uma pequena queda no padrão de vida? Impressionante como migalhas afetam diretamente o humor coletivo. Não estamos desempregados e nem passando fome. Apenas reduzimos nosso padrão de consumo, que para mim, antes, era exagerado. Vivemos novos tempos e as adaptações financeiras podem ser feitas sem sofrimento, sendo até uma oportunidade para que as famílias e amigos se unam.
A impressão que tenho é que nós, os ditos classe média somos individualistas e histéricos. Ao menor sinal de problemas, choramos copiosamente, acreditando que somos os coitadinhos do mundo. O que nós precisamos ter em mente é que, em uma crise de proporções épicas, os mais afetados são justamente os mais pobres. Para eles, as consequências não serão o cancelamento de viagens ou restrições de jantares caros. Vai faltar comida! Isso sim é motivo de histeria.  
O doutor torce para que tudo dê errado para se aproveitar do desespero alheio e fazer bons negócios. Lembro a ele que por trás da casa financiada existem famílias que lutam diuturnamente para pagá-la.

4 comentários:

  1. Bullying Man é a raposa que está na porta da floresta com uma bíblia pregando em defesa das galinhas que ele tanto se fartou!!!! O título da publicação é muito adequado, e representa bem o comportamento do autor!!!

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  2. Perfeitas considerações! Cristalina representação de Bullying Man!!

    A seu respeito, diz muito o psicólogo estudioso dos males Zimbardo. Explica:
    A maldade é uma questão de poder. É o exercício de poder para intencionalmente inflingir a alguém o mal psicológico ou físico. Ele identifica os sete processos sociais capazes de tornar uma pessoa mais suscetível a cometer algum tipo de maldade:

    1. Dar o primeiro pequeno passo sem pensar: normalmente algo quase insignificante, mas que abre as portas para abusos cada vez maiores e que, quando aumentado pouco a pouco, não se percebe o resultado final. Como um choque de 15 volts.

    2. Desumanização do outro: é mais fácil fazer mal a alguém quando não se vê ou não se sabe quem é essa vítima. Os prisioneiros de Stanford não se chamavam John ou Peter, mas 416 e 325.

    3. Desumanização própria: quando se está anônimo numa multidão, sua maldade é diluída entre os demais. O antropólogo R. J. Watson estudou 23 culturas em seus processos de ir à guerra. Dos oito povos que íam para a batalha sem pinturas ou ornamentos específicos, apenas uma tinha alto grau de violência, isto é: torturavam, mutilavam e/ou matavam seus inimigos. Mas dos outros quinze que mudavam a aparência (ou se escondiam atrás de óculos escuros espelhados e uniformes padronizados), tornando-se anônimos, doze matavam e mutilavam. Ou seja, das que matavam e mutilavam, 12 entre 13 mudavam a aparência. Mais de 90%.

    4. Difusão da responsabilidade pessoal: quando um criminoso é linchado, a culpa é da multidão e não dos socos e pontapés individuais. Mais do que a covardia do grupo, representa a diluição da culpa.

    5. Obediência cega à autoridade: como demonstrado por Milgram, a autoridade também funciona como pára-raios para atribuição de culpa de quem apenas executa ordens.

    6. Adesão passiva às normas do grupo: odiar a torcida adversária faz parte do ritual de vestir o uniforme do seu time - mesmo que o seu irmão esteja do outro lado da arquibancada. Mesmo que você odeie uma pessoa que nunca viu apenas por causa das cores que ostenta.

    7. Tolerância passiva à maldade através da inatividade ou indiferença: muitas vezes o indivíduo não é o responsável direto pela maldade mas permite, inabalável, que ela seja praticada, conforme descrito no texto sobre Latané e Darley.

    Quantas destas características e práticas identifica-se em Bullying Man? Será coincidência?

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  3. lamento que os nobres se atenham a espalhar inverdades sobre mim ao inves de discutir o cerne da questao. o mestre e o doutor precisam descer do pedestal e chegar ao nosso mundo real.

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  4. lamento que os nobres se atenham a espalhar inverdades sobre mim ao inves de discutir o cerne da questao. o mestre e o doutor precisam descer do pedestal e chegar ao nosso mundo real.

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