terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Valor: A prova dos nove para a bolha imobiliária brasileira

Valor: A prova dos nove para a bolha imobiliária brasileira

 
 
Não há nada no horizonte que represente um alívio para o segmento. Os preços reais pararam de subir, os investidores se afastaram, os estoques das incorporadoras estão elevados, os distratos seguem altos, o retorno com aluguéis está na mínima dos últimos anos e, para piorar o cenário, os juros básicos e do crédito imobiliário estão em alta
 
Onze entre dez analistas dão como certo que 2015 será um ano difícil para o Brasil como um todo. E se isso é verdade, este ano tem tudo para ser especialmente doloroso para o mercado imobiliário. Será a prova dos nove para a disputa entre aqueles que discutem, no próprio mercado, na academia e nas redes sociais, sobre a existência ou não de uma bolha imobiliária no país.
Não há nada no horizonte que represente um alívio para o segmento. Os preços reais pararam de subir, os investidores se afastaram, os estoques das incorporadoras estão elevados, os distratos seguem altos, o retorno com aluguéis está na mínima dos últimos anos e, para piorar o cenário, os juros básicos e do crédito imobiliário estão em alta.
Depois de subir na casa de 18% em 12 meses acima da inflação, o ritmo de alta dos preços dos imóveis em São Paulo perdeu definitivamente o vigor e fechou 2014 com avanço nominal praticamente em linha com o IPCA, de acordo com o índice FipeZap. Isso significa zero de alta real.
 
Economia fraca, juro alto e desemprego 
Mas muito mais importante do que ocorreu no ano passado é saber qual será o comportamento neste ano.
Como minha bola de cristal teima em não funcionar, me limito a analisar dados históricos e os vetores que podem influenciar o comportamento futuro dos preços. E o cenário não é bom.
Em países com séries longas de indicadores imobiliários, como os Estados Unidos e o Reino Unido, o comportamento típico que se observa nesse mercado é cíclico. Movimentos grandes de alta real nos preços de casas e apartamentos são seguidos de perdas reais, sendo que o próximo "vale" fica num nível superior ao anterior.
 
A estratégia é negar
Aqui no Brasil não dispomos de séries de décadas, mas dirigentes de incorporadoras e de bancos financiadores insistem em dizer que "dessa vez será diferente" e que movimento semelhante não ocorrerá por essas bandas. No pior dos casos, admitem que os preços vão seguir a inflação. Entretanto, ainda que esses agentes acompanhem o mercado mais de perto do que qualquer outro, as opiniões deles têm um viés legítimo e claro - o de proteger o próprio bolso.
O modelo de negócios de incorporação imobiliária usado no país, em que o prédio só começa a subir depois de um volume mínimo de vendas contratadas, sem dúvida nenhuma ajuda a controlar o excesso de oferta.
Mas nem sempre tudo corre como planejado, como evidencia o nível recorde de estoques ao fim de novembro, de 26,5 mil unidades em São Paulo, conforme dados do Secovi-SP (esse estoque representa mais de um ano de vendas na capital, que somaram 18 mil unidades de janeiro a novembro de 2014).
Há alguns anos atrás, durante teleconferência de resultados da Cyrela, um analista perguntou a Elie Horn, acionista controlador e um dos empresários mais respeitados desse mercado, qual era o nível de estoques que poderia ser considerado "bom". Ele não teve dúvidas e respondeu: "zero".
O descompasso do modelo de análise de crédito usado por corretores de imóveis, interessados na gorda comissão de 6% recebida no momento da venda, e bancos que financiam os compradores após a entrega das chaves, bem mais rigorosos, também não ajuda.
 
Distratos em alta e lucro menor
Exatamente por isso o volume de distratos por não aprovação de crédito segue alto, com o agravante de que agora a incorporadora está ganhando menos na revenda (antes elas lucravam porque vendiam a unidade por um preço bem maior do que no lançamento).
A recente elevação dos juros pela Caixa Econômica Federal, que já tinha sido precedida por reajustes nas taxas de bancos privados, é um peso contra adicional para a aprovação dos financiamentos, já que uma prestação mensal maior exige renda também mais elevada, o que reduz o número potencial de compradores elegíveis ao crédito.
Dados da Abecip mostram que não existe uma crise no financiamento habitacional, mas já não há mais o mesmo vigor de outros tempos. O volume liberado em 2014 somou R$ 112,9 bilhões, mas com alta nominal de apenas 3,4%, depois de ter subido 32% entre 2012 e 2013.
O comprador investidor, que normalmente toma pouco crédito, também está mais distante. De acordo com pesquisa Raio-X FipeZap, apenas 20% dos que compraram imóveis entre julho e setembro de 2014 o fizeram com o objetivo de investir. O índice era de 39%, no segundo trimestre, e de 41%, no terceiro trimestre de 2013.
 
Preços e retorno com aluguel em queda
Esse comportamento do investidor não surpreende. Nada sugere que os preços vão seguir em forte alta como nos últimos anos - pelo contrário -, e o retorno com aluguel segue em queda, tendo atingido a mínima de 0,43% ao mês em dezembro. E enquanto a taxa de aluguel cai, a Selic sobe, o que reduz ainda mais a rentabilidade relativa do investimento imobiliário.

O que ainda não ocorreu, mas que está no radar dos macroeconomistas, é uma redução do nível do emprego e da renda real do trabalhador.
Se o mercado imobiliário sobreviver a isso tudo sem queda real nos preços é porque realmente não havia uma bolha.
(Valor Online - Finanças - 27/01/2015)
 
Doutor

5 comentários:

  1. Doutor Sacripanta vai chafurdar na queda dos preços de imóveis. É capaz do mesmo comprar apartamentos de luxo ou casa no Aldeia do Vale por menos de 300k

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  2. Interessante como os comentarios do doutor acerca deste assunto sao tendenciosos. Quando ha interesses economicos envolvidos, as opinioes das pessoas se transformam em torcida. totalmente parciais.

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  3. O doutor estah torcendo para o pais afundar. sonha com fome e miseria generalizada com o unico objetivo de se aproveitar do desespero alheio e fazer bons negocios. assim como o mestre e o totally, nao aceitam pagar o valor correto de produtos e servicos. Uma pena vermos pessoas que desejam o caos das familias do nosso querido pais.

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  4. O sonho do doutor eh ver milhares de familias despejadas por falta de pagamento, fome e miseria no dia a dia das familias

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  5. Quanto absurdo!
    Percebe-se que a lucidez está muito longe da porta dos demais Sacripantas.
    A realidade é dura, apesar de a negarem.
    Aposto que ainda contam com a mágica valorização anual de 30% dos imóveis.

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